Expedição de Astrofísicos da UFRN para Caicó produz umas das mais belas imagens do eclipse solar anular

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O eclipse anular de 14 de outubro de 2023 atravessa o Norte Nordeste do Brasil. A topografia do Seridó foi o cenário escolhido para a expedição dos Astrofísicos da UFRN — particularmente a elevação de Caicó combinada com o clima desempenham um papel importante na moderação da cobertura de nuvens e deixou o sítio perfeito para as imagens astronômicas do eclipse.

Foto: Sequência de Imagens do eclipse anular feito por equipe. No centro o momento da totalidade e seguindo a saída do evento. — Foto: Cedida/equipe Ge3/UFRN

Uma expedição científica para observar o Sol. Pesquisadores do departamento de Física e especialistas em Astrofísica estelar observacional se reuniram no 14 de outubro de 2023 na cidade de Caicó, para registrar o eclipse solar anular. O evento astronômico, que ocorre quando a lua passa entre a Terra e o Sol, cria um “anel de fogo” no céu que neste episódio poderia ser visto no Norte-nordeste do Brasil e Estados Unidos. Este fenômeno já estava no radar do Grupo de Estrutura Estelar, Evolução e Exoplanetas (Ge3) Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desde janeiro de 2023. O astrofísico e professor da UFRN, José Dias do Nascimento Júnior destacou já no início do ano que a cidade, localizada na região Seridó do Rio Grande do Norte, seria uma das melhores do país para observar o evento. Após o final do eclipse, o professor enfatizou que a escolha de “Caicó foi um grande acerto”.

A imagem do eclipse produzida pela equipe esta entre as mais bonitas de toda cobertura e dois critérios são levados em consideração. A simetria e as cores fidedignas da imagem. A baixa umidade relativa e pouca poluição foram condições essenciais para produzir esta imagem, destaca o prof. Jefferson Soares, da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT) da UFRN.

Foto Imagem do eclipse anular feito por equipe é uma das mais bonitos registros do fenômeno — Foto: Cedida/equipe Ge3/UFRN

O eclipse solar anular acontece quando a Lua se alinha entre a Terra e o Sol. Como a sombra da Lua não cobre totalmente o Sol, forma-se uma espécie de “anel de fogo” brilhante no céu. Entre as cidades brasileiras, Caicó estava na faixa de anularidade total, onde foi possível visualizar o eclipse com sua totalidade. No restante do país, o fenômeno foi visto em sua parcialidade. Porém o estudo do clima de Caicó faria total diferença quando comparado com Natal.

Formado por sete estudantes e dois professores, o grupo, coordenado pelo professor José Dias do Nascimento (DFTE), seguiu de Natal para o município de Caicó e se fixou em um sítio conhecido como Casa-Forte do Cuó. A escolha da cidade e o local de observação não foram por acaso: “[a escolha] se deu através de uma análise minuciosa das condições meteorológicas da cidade, como umidade, cobertura de nuvens e quantidade de precipitação. Por outro lado, a escolha do sítio da Casa-Forte do Cuó, se deu por ser o local com menor interferência urbana possível. Tudo isso foi confirmado pela incrível observação e pelos espetaculares registros que fizemos”, esclarece José Dias.

Equipe da UFRN sob coordenação do professor José Dias — Foto: Cedida/equipe Ge3 (UFRN)

“Estudamos por meses as opções no caminho da sombra do Eclipse no Nordeste. Decidimos em abril de 2023 que viríamos para Caicó.” José Dias do Nascimento Júnior, astrofísico e professor da UFRN

Equipe da UFRN sob coordenação do professor José Dias — Foto: Cedida/equipe Ge3 (UFRN)

O grupo de observadores foi composto por nove pesquisadores da área de astrofísica, incluindo dois professores astrofísicos: José Dias do Nascimento (Departamento de Física) e Jefferson Soares da Costa (Escola de Ciências e Tecnologia). Além disso, a expedição encontrou com a Professora Camy Condon, uma americana de Los Alamos, EUA.

Na expedição para Caicó, mapeamos sítios de grande valor observacional no Seridó e esta atividade é parte das atribuições do grupo de pesquisa em Astronomia na UFRN e que realiza estudos em astronomia/astrofísica, desde pesquisa, passando por extensão e ensino. As imagens coletadas servem como métrica da qualidade do céu e podem impulsionar o turismo científico no Rio Grande do Norte. Este esforço faz parte de um projeto do (Micro) Observatório Astronômico (MOA-UFRN) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

E foram com essas condições, consideradas ideais para observação do fenômeno, que os estudantes da graduação de Física da UFRN puderam compreender melhor, na prática, o processo de montagem, posicionamento, calibração e apontamento de um telescópio. Além disso, José Dias conta que experiências assim marcam a vida dos estudantes, pois aumentam o fascínio e admiração pelo universo. “Montar o telescópio e ter contato com o pessoal da cidade, que ficou curioso ao ver a movimentação diferente, é o tipo de experiência importante que ajuda a formar um pesquisador e cientista. Ainda mais neste caso em que temos um fenômeno que desperta a curiosidade até nas pessoas mais experientes, numa região em que não tem tanto contato com essa forma de fazer ciência”, reforça.

A empreitada em busca do melhor ângulo para visualizar o eclipse proporcionou lições valiosas aos estudantes. “Aprendemos com essa experiência que a astronomia não é apenas uma ciência de livros e teorias, mas algo que pode ser apreciado e compreendido através da observação direta. Além disso, a viagem cria elos no grupo e nos ensina a lidar com desafios e imprevistos de forma eficaz e colaborativa. Também destaco a importância da educação pública em ciência e astronomia, pois eventos como esse podem inspirar as futuras gerações”, finaliza Dias.

Vídeo 1 Sítio observacional

Vídeo do time

Ana Paula Nóbrega e Ranyere Fonseca — Agecom/UFRN
Contato Prof. José-Dias do Nascimento (84 999926288)
jdonascimento@fisica.ufrn.br

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